Os Benefícios das Aflições

 In Pastorais

“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28)

Nesta afirmação, Paulo não abre qualquer exceção àquilo que ocorre na vida do cristão e que pode ser usado para sua edificação. Ele diz todas as coisas. Em outras palavras, tanto os bons quanto os maus acontecimentos na nossa vida. É fácil compreender e aceitar como as boas coisas podem cooperar para o bem do povo de Deus. Difícil, porém, é entender como as coisas desagradáveis e angustiosas podem ter semelhante resultado. Como as aflições poderiam cooperar para o bem daqueles que amam a Deus?

Ninguém se alegra nas aflições. Ralph Erskine, costumava dizer que: “Se o pecado é a cabeça da serpente, a aflição é certamente sua cauda”. Como a mão graciosa de Deus pode trabalhar para bem daqueles que o temem através das aflições?

  1. Através das aflições o Senhor nos faz humildes em sua presença e na presença dos outros. A aflição varre para longe qualquer combustível que alimenta o orgulho em nossas vidas.
  2. A aflição nos faz mais sensíveis a seriedade do pecado em nossas vidas. Como alguém já tem dito, “o pecado tem o diabo por seu pai, a vergonha por sua companheira, e a morte por seu salário.” É na aflição que, geralmente aprendemos que o pecado é o vigor da nossa morte e a morte do nosso vigor.
  3. Deus usa a aflição como a medicina que destrói nossa doença mortal. A aflição é o cão pastor divino que é enviado não para devorar as ovelhas, mas para reconduzir aquela que se extraviou ao aprisco do Pastor amado.
  4. O Senhor usa as aflições como meios para que Seus filhos o busquem mais intensamente. Como Ele diz em Oséias 5.15: “estando eles angustiados, cedo me buscarão”. Todas as pedras que atingiram Estevão, apenas o aproximaram mais da verdadeira Pedra Angular, Jesus (At 7-8).
  5. O Senhor usa as aflições para conformar Seus filhos à imagem de Jesus, o Servo sofredor (Is 53). As Escrituras dizem que o propósito divino em nossas aflições é para que possamos ser “participantes da sua santidade” (Hb 12.10).
  6. Nossas aflições apontam para as imensas alegrias e regozijos concedidos pelo Senhor. Deus atrai Seu povo ao deserto para lhe falar-lhe carinhosamente ao coração (Os 2.14). Jesus disse aos discípulos: “Em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria” (Jo 16.20).
  7. As aflições nos conduzem pelos caminhos da fé e não daquilo que vemos. Se recebêssemos apenas bênçãos e alegrias neste mundo, seríamos tentados a amá-lo mais do que o mundo vindouro ou mesmo amar as bênçãos ao invés de o Autor das mesmas. É na adversidade que experimentamos a depender somente nAquele que é o Autor e Consumador da nossa fé.
  8. As aflições neste mundo nos fazem ansiar pela nossa morada definitiva. Um cão não morde os membros da família a que ele pertence. Assim, quando somos mordidos pelas aflições deste mundo, nos lembramos de que aqui não temos morada eterna e ansiamos aquele mundo por vir (2Co 4.17).
  9. As aflições nos tornam menos dependentes de nossas emoções. Esse ponto é especialmente enfatizado por C. S. Lewis em seu livro As cartas do diabo ao seu aprendiz, especialmente quando ele discorre as razões pelas quais Deus permite que seus filhos experimentem momentos de aridez. Segundo ele, o Inimigo [o termo que o diabo usa para se referir a Deus] arrisca-se desse modo pela curiosa fantasia de transformar esses repugnantes vermezinhos humanos naquilo que ele chama de seus livres amigos e servos – ‘filhos’ é a palavra que utiliza com a sua inveterada inclinação de degradar o mundo espiritual pelas desnaturadas ligações com os bípedes animais . . . Se atravessarem com êxito essa aridez inicial, tornam-se muito menos dependentes da emoção e muito mais difíceis de tentar.
  10. As aflições nos permitem uma nova compreensão da verdade da Palavra de Deus. Os olhos lavados pelas lágrimas da dor parecem observar alguns detalhes das Escrituras que são encobertos pela euforia do entretenimento. Talvez por essa razão o salmista tenha dito: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71).

A grande diferença entre o incrédulo e o crente nos momentos de aflições é que enquanto o incrédulo blasfema e descrê da existência de Deus, o crente clama a ele e derrama o seu coração àquele que pode redimir sua vida. Além do mais, quando clamamos a Deus nos momentos das angústias e dores nos identificamos melhor com o nosso Salvador que em sua aflição na cruz depositou o seu espírito nas mãos do Pai (Lucas 23.46). Você consegue agora identificar algum benefício em suas aflições?

Pr. Valdeci S. Santos

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