25 Maneiras de Provocar seus Filhos à Ira

 In Pastorais

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Criação de filhos não é ciência exata. Não há equação única que se aplique a todos os casos. Os pais que têm mais de um filho sabem, por experiência, que aquilo que funciona com um nem sempre se aplica ao outro. A tarefa é mais difícil e complexa do que parece. Cada filho parece exigir “tratamento sob medida”, cuidado e disciplina individualmente moldados e atender a essa necessidade exige algo parecido com a “sabedoria de Salomão”.

No caso de pais cristãos, além da preocupação com os aspectos normais da criação de seus filhos ainda há a necessidade de instruí-los e educá-los nos caminhos do Senhor e representar a paternidade de Deus para eles. Assim, como o Pai celestial age conosco graciosa e disciplinarmente, somos constrangidos pelos ensinamentos das Escrituras, a espelhar sua paternidade no tratamento com nossos filhos e isso requer obediência aos princípios da Palavra de Deus. Nesse sentido, um dos princípios a ser seriamente observado é aquele enfatizado pelo apóstolo Paulo em duas cartas diferentes, ou seja, “não provoqueis os vossos filhos à ira” ou “não irriteis os vossos filhos” (cf. Efésios 6.4 e Colossenses 3.21). De acordo com o apóstolo, quando os filhos são irritados por seus pais, eles se tornam “desanimados”, abatidos, desempenhando as suas atividades de maneira mecânica e sem alegria.

O problema é que os pais nem sempre percebem quando estão irritando seus filhos ou qual procedimento contribui para provocá-los à ira. Como acontece em outras situações, na educação dos filhos os pais também correm o risco de se tornarem “cegos para com os seus próprios erros” e assim causarem grandes males na vida daqueles que tanto amam. Pensando nisso, um conselheiro bíblico americano, Lou Priolo, como resultado de suas observações e experiência no aconselhamento familiar, desenvolveu uma lista de vinte e cinco maneiras que os pais acabam irritando os seus filhos (O coração da ira. São Paulo: Nutra Publicações,2009). Abaixo, eu apresento uma adaptação daqueles itens que podem auxiliar pais ou mães a refletirem sobre a maneira como estão criando seus filhos. Note o que pode gerar ira no seu filho ou filha:

  1. A falta de harmonia conjugal, quando o relacionamento do casal é marcado por contínuas intrigas, frieza e atritos.
  2. O estabelecimento de um ambiente familiar centralizado na criança, onde os filhos são a “razão de tudo” o que os pais fazem.
  3. Ocasiões nas quais os pais acabam se tornando exemplos de “ira pecaminosa” ou explosões de ira que não expressam a justiça de Deus.
  4. Disciplinar os filhos sempre com ira ou raiva.
  5. Disciplinar os filhos com xingamentos e ofensas à sua personalidade.
  6. Ser inconsistente na disciplina. Prometer disciplinar e não fazê-lo, disciplinar sem motivo algum ou por qualquer motivo trivial, etc.
  7. Cultivar padrão duplo na educação de filhos. Por que algumas coisas são válidas para um e não para o outro? Por que um pode levar uma surra e o outro apenas uma admoestação verbal?
  8. Ser um legalista, ou seja, não se lembrar da graça e da misericórdia, mas somente da lei que foi quebrada. Devemos sempre lembrar que nosso Pai celestial é gracioso conosco e nos concede perdão e restauração sempre que corremos para ele.
  9. Não admitir os seus próprios erros e nunca pedir perdão por suas falhas. Lembremos que a função paternal não nos isenta de falhas nem do dever de admiti-las para nossos filhos.
  10. Ser constante e contínuo em apontar as falhas dos filhos. De fato, esquecemos quanto é desanimador quando os pais parecem demonstrar que seus filhos estão sempre errados. O resultado é que eles podem sentir sempre como fracassados e nada do que fazem será suficientemente bom!
  11. A mudança dos papéis conjugais no lar, ou seja, a mulher se torna a cabeça e líder da família e o marido desempenha o papel de um mero auxiliador. Isso resulta na ausência da figura paterna e na inversão dos padrões estabelecidos pelo próprio Deus.
  12. O fato de nunca ouvir a opinião de seus filhos ou nunca atentar seriamente para os seus argumentos. A mensagem nessa situação é que eles nunca são importantes e nunca têm nada para contribuir.
  13. Comparar seus filhos negativamente em relação a outras crianças. Ao invés de isso provocar neles o desejo de melhorar, apenas os leva ao desânimo, pois entendem que nunca são suficientemente valorizados.
  14. Nunca ter tempo para conversas informais com eles. Isso pode ocorrer por causa do ativismo ou por não considerá-los suficientemente interessantes.
  15. Nunca encorajá-los nem apreciar suas qualidades. Para alguns pais, elogiar seus filhos é uma atividade tão difícil que nem lembram a última vez que o fizeram.
  16. Deixar de cumprir suas promessas. Tanto aquelas promessas negativas de disciplinas, como aquelas positivas de ajudá-los em alguma necessidade. O problema é que a esperança que se adia sempre adoece o coração (Pv 13.12).
  17. Discipliná-los diante de outras pessoas. Isso pode não apenas expor a falha dos filhos, mas envergonhá-los. O problema é que o resultado pode ser a revolta e não o arrependimento.
  18. Não conceder a eles liberdade suficiente e sempre “invadir sua privacidade”. A pressão nem sempre é interpretada como expressão de amor, mas de legalismo.
  19. Conceder liberdade excessiva aos seus filhos. O problema nesse sentido pode ser a mensagem de que o filho ou filha não é suficientemente importante para que os pais se importem com eles a ponto de cuidar do que estão fazendo.
  20. Zombar dos seus filhos. A zombaria destrói a confiança e não edifica nenhum relacionamento, especialmente aquele entre os pais e os filhos.
  21. Abuso físico. O que muitos pais pensam ser disciplina pode acabar se tornando abuso ou tortura física, mas a Bíblia adverte contra isso (Pv 19.18).
  22. A prática do favoritismo entre os filhos. Nesse caso, além de desmotivar os filhos, os pais acabam contribuindo para a inimizade entre irmãos.
  23. Expectativas irreais acerca do futuro dos filhos. O problema nesse caso é que nenhuma realização dos filhos será suficiente para os pais e isso acaba desanimando.
  24. A criação dos filhos de maneira mundana e com metodologias contrárias à Palavra de Deus. A confusão gerada nesse sentido contribui para o desfalecimento dos filhos que nunca sabem o que, de fato, esperar.
  25. A inconsistência dos pais na vida cristã. Essa hipocrisia acaba gerando desânimo em relação àquilo que deveria ser o mais valioso para os filhos: o progresso na caminhada com o Senhor.

Diferente do que alguns imaginam, esses princípios não são apenas para pais de crianças, mas inclusive de adolescentes ou filhos adultos. Por um lado, nunca é tarde para se arrepender de erros cometidos no processo da criação de filhos. Por outro lado, maternidade e paternidade são coisas que nunca acabam, por mais maduros que os filhos estejam. Acima de tudo, porém, não há fracassos nem falhas que o Redentor não possa redimir por sua graça.

Pr. Valdeci da Silva Santos

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