Como uma Esposa de Pastor pode Auxiliar seu Marido no Ministério?

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A esposa de pastor é, como qualquer outra esposa, uma auxiliadora. Ela não é uma pastora e nem foi vocacionada para o ministério pastoral, mas é alguém com a missão de cooperar com seu marido no desempenho do serviço sagrado para o qual ele foi designado. Essa tarefa não é apenas nobre, mas também repleta de dificuldades.

O conceito bíblico de “auxiliadora” (ē·zěr) se aplica “àquela que complementa o seu marido”. O termo foi primeiramente usado nas Escrituras para descrever a função da mulher, criada por Deus e apresentada ao homem (Gn 2.18). Na verdade, a palavra em seu contexto bíblico se refere a uma “companhia indispensável”. Assim como o Senhor Deus é revelado nas Escrituras como Aquele que ajuda (ē·zěr) quem nele espera (cf. Sl 33.20), a mulher reflete os atributos divinos no auxílio prestado ao seu marido e nessa função ela glorifica o Criador. Assim como a esposa de um médico deve ajudá-lo no desempenho de sua função e a esposa do pedreiro deve auxiliá-lo no exercício dos talentos que Deus lhe concedeu, a esposa do pastor é responsável diante de Deus por amparar seu marido no exercício fiel do ministério de cuidar das almas que lhe foram confiadas.

Sem o auxílio de uma esposa piedosa e dedicada, o pastor não consegue desempenhar corretamente o seu trabalho. Por exemplo, como ele poderá cumprir as exigências bíblicas de 1Timóteo 3 se sua esposa não o ajudar? Ou seja, como poderá ser “hospitaleiro” e “governar bem a própria casa” se ela não contribuir? Muitos ministros fracassam exatamente no relacionamento conjugal. Ou seja, são derrotados no contexto doméstico. Para se evitar isso, a participação ativa da esposa auxiliando o marido nesse trabalho é fundamental.

A questão, porém, é: como ela pode fazer isso? Sendo uma esposa amorosa, o seu desejo será cuidar do marido e encorajá-lo na dedicação dele em prol do avanço do Reino. Mas qual é, de fato, a participação dela nesse processo? Como ela pode ajudar diretamente no ministério do cônjuge?

Primeiramente, reconhecendo a liderança que ele exerce sobre o rebanho e não interferindo e nem tentando realizar as tarefas para as quais ele foi vocacionado por Deus, treinado em um seminário, ordenado por um presbitério e designado pelo conselho da igreja local para desempenhar. Ainda que dinâmica e talentosa, a esposa do pastor deve evitar desempenhar funções que pertencem ao marido e que não são próprias dela. A participação eficiente da auxiliadora do ministro é extremamente valiosa, mas a esposa deve ser sábia para não desmerecer a liderança dele através de contínuas interferências feitas com o intento de “melhorar” o trabalho apresentado.

Em segundo lugar, assumindo o compromisso de intencionalmente crescer em algumas áreas vitais para aqueles que se encontram envolvidos no ministério do pastoreio. Procuro relacionar abaixo algumas dessas áreas nas quais o elemento-chave será a intencionalidade, ou seja, a deliberada e consciente postura da esposa se aperfeiçoar e progredir.

  1. O amadurecimento na comunhão pessoal com Cristo

No ministério pastoral, devemos sempre lembrar que Deus está mais interessado no que ele está realizando em nós do que através de nós. Não há nada mais importante que a esposa do pastor possa fazer pelo ministério do seu marido do que zelar pelo seu próprio crescimento espiritual, sua própria intimidade com Jesus. Sem um relacionamento pessoal com Cristo, todo o ativismo cristão se torna apenas uma moldura sem a pintura para preenchê-la. O resultado final será religiosidade, não conformidade à imagem de Cristo (Rm 8.29). A esposa do pastor que não cresce em sua piedade certamente será de pouco auxílio ao seu marido no ministério do pastoreio de almas. Portanto, se ela quiser ser auxiliadora idônea do seu esposo, deve zelar pelo seu tempo de comunhão com Cristo, sua meditação na Palavra e prática da oração constante. Ela precisa intencionalmente procurar crescer nesse relacionamento com o Redentor.

  1. A progressão na apreciação dos privilégios inclusos no ministério pastoral

As dificuldades associadas ao ministério pastoral são facilmente notadas pelos que estão envolvidos nesse trabalho. Não é fácil nem agradável para a família do pastor estar sempre em uma posição de “peixe no aquário”, a saber, como os que são observados e julgados pelos demais membros da igreja. Também, não é agradável conviver com as contínuas ausências do marido e pai que precisa estar disponível a atender todas as outras famílias na igreja, menos a família dele. Todavia, há bênçãos nesse trabalho e é necessário que a esposa do pastor aprenda a discernir esses benefícios. Os privilégios de participar da obra divina na transformação de vidas, no consolo do coração aflito e na edificação de muitos deveriam encher o coração de gratidão de toda pessoa envolvida no ministério pastoral. Além do mais, há o carinho e o cuidado de muitas ovelhas com a família do pastor que fazem com que as lutas sejam amenizadas. O fato é que contentamento é uma virtude na qual todos precisamos crescer e se a esposa do pastor assume o compromisso intencional de caminhar em tal direção, isso será um grande auxílio para o marido dela.

  1. O crescimento em seu relacionamento conjugal

Poucas coisas roubam mais o ânimo e energia do pastor do que a falta de intimidade com sua esposa. Quando as dificuldades que nos sobrevêm estão em uma esfera mais distante, elas são suportáveis. Mas se aquilo que rouba nosso ânimo tem origem em uma esfera de relacionamento íntimo, o abatimento é certo. Quando os relacionamentos na própria família estão fragmentados, é extremamente doloroso e desanimador exercer o ministério pastoral, aconselhar casais, instruir famílias e expor a Palavra de Deus ao rebanho. Por isso, o casal que está envolvido no ministério pastoral deve deliberadamente assumir o compromisso de crescer em intimidade no relacionamento conjugal. Embora esse comprometimento deva ser mútuo, a esposa necessita zelar por sua parte nesse processo. Quando o sábio de Provérbios afirma que “a mulher sábia edifica a sua casa” (Pv 14.1), ele exalta o poder da influência feminina.

  1. O aumento do seu amor pela igreja

Nenhum marido amoroso gosta de trabalhar em um ambiente no qual não é apreciado por sua esposa. As opiniões dela são importantes para ele e isso afeta diretamente a atitude dele em relação à atividade realizada e, consequentemente, na produtividade dele. No caso do pastor, isso não é diferente. Se os comentários de sua esposa em relação à igreja são apenas negativos, logo ele perderá a alegria em relação ao ministério desempenhado. Quando a esposa do ministro frequentemente lhe apresenta observações negativas e até depreciativas daqueles que estão sob a responsabilidade pastoral dele, é praticamente impossível imaginar que a opinião do marido não seja influenciada pelos comentários dela. Nesse sentido, é importante que essa mesma esposa busque desenvolver seu amor pela igreja, para que mesmo quando ela observar as falhas grosseiras de muitos crentes, ela os ame como irmãos em Cristo que foram comprados pelo sangue do Cordeiro. Além do mais, ao comentar sobre os erros de algumas dessas ovelhas deficientes, que ela o faça como alguém que as ama ao invés de odiá-los. Essa pequena atitude faz enorme diferença para o coração do marido-pastor.

  1. O desenvolvimento em sua missão como encorajadora

Uma das implicações do termo bíblico “auxiliadora” diz respeito à tarefa de encorajar o marido na prática do que é justo e conveniente. No ministério pastoral, geralmente o ministro recebe inúmeras críticas (sermão muito longo, erros gramaticais, inabilidade administrativa, falta de habilidade relacional, favoritismo e assim por diante). Às vezes parece que todos sabem o que o pastor deveria fazer, menos ele! Por isso, é importante que aquela que se encontra ao seu lado aprenda a encorajá-lo a perseverar na retidão. Isso não significa bajulação, mas a afirmação amorosa vinda de alguém cuja opinião é singular para o ministro. Algumas esposas de pastores têm falhado nesse sentido e acabam ampliando os discursos humilhantes e desdenhosos acerca do trabalho do marido. Logo, o progresso nessa área é mais do que benéfico; é necessário.

É interessante observar como algumas esposas de pastor se sentem, às vezes, desqualificadas por não saberem como ajudar seu marido no ministério pastoral. Há aquelas que, no afã de fazê-lo, acabam assumindo responsabilidades e atividades que não lhes pertencem e que outros deveriam desempenhar. Todavia, nenhuma outra pessoa poderia realizar os cinco itens relacionados acima além da auxiliadora do ministro e nenhum desses tópicos exige esforço sobre-humano. Logo, se você é esposa de pastor e realmente deseja ser uma auxiliadora para o seu marido, que tal assumir intencionalmente os compromissos mencionados? Certamente ele a agradecerá e o Senhor será glorificado com sua atitude.

Rev. Valdeci S. Santos – SNAP

 

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