OS VOTOS DE UM PASTOR EFICIENTE

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Em determinados círculos familiares, é costume entre alguns casais, a renovação dos votos matrimoniais durante o mês de junho. Talvez por ser esse o mês em que se celebra o “dia dos namorados”, os cônjuges aproveitam a ocasião para reafirmarem os compromissos previamente estabelecidos. Mas não são apenas os casais enamorados que deveriam se lembrar dos votos realizados no passado. Em diferentes momentos da vida, cada indivíduo se compromete, de uma maneira ou outra, com algum relacionamento selado por intermédio de um voto. Isso ocorre, inclusive, em inúmeras vocações e o ministério pastoral também inclui esses compromissos de fidelidade.

Todos os que são vocacionados por Deus para o ministério da Palavra se comprometem solenemente a ter uma vida de obediência jubilosa e serviço abnegado a fim de glorificar a Deus e edificar rebanho do Senhor. Nessas ocasiões, o pastor assume um pacto ético, diante de Deus e dos homens, o qual deve ser considerado durante todos os dias de sua vida.

O propósito desse artigo é lembrar alguns aspectos dos votos feitos por aqueles que se dedicam ao ministério pastoral, os quais deveriam ser continuamente renovados para que o exercício do ministério fosse mais eficiente. Certamente cada aspecto desse compromisso contempla a glória de Deus e o benefício daqueles a quem servimos. Logo, é importante considerar biblicamente alguns desses tópicos implícitos nos votos de um ministério eficiente.

  1. O zelo pela integridade

Deus se agrada da sinceridade (1Crônicas 29.17) e aquele que deseja serví-lo se compromete a ser íntegro. A falsidade e hipocrisia não honram o Senhor e desqualifica o ministro. Essa integridade deve ser exercida:

  • Quanto ao caráter pessoal

Exaltar a Cristo, não a si mesmo. Ser honesto, não exagerado ou extravagante; amante da paz, não contencioso; paciente, não irascível; diligente, não preguiçoso. O ministro de Cristo precisa compreender que ele é um embaixador do Redentor e deve representar corretamente Aquele que o arregimentou.

  • Nos cuidados pessoais

Todos confessamos que nosso corpo é templo do Espírito (1Coríntios 6.19), mas geralmente o tratamos como propriedade particular. Um aspecto da prática da integridade diz respeito ao cuidado com nosso corpo, com nossa saúde e nossa condição física para o exercício do ministério sagrado.

  • Na pregação e ensino

A interpretação da Bíblia com precisão e sua aplicação com discernimento é fundamental ao pastorado. Paulo escreveu a Tito: “No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito” (Tt 2.7-8). Portanto, o ministro deve falar a verdade em amor e também dar o devido crédito quando usa palavras ou ideias dos outros.

  1. O cuidado por ser confiável

Paulo escreveu que “o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co 4.2). Portanto, o pastor que deseja ser eficiente assume um compromisso contínuo em ser confiável.

2.1 Na liderança

Procure ser um modelo de confiança para que os demais líderes aprendam e desejem ser confiáveis diante do rebanho. Use sua influência com prudência e humildade. Cultive a lealdade. Demonstre comprometimento com o bem-estar de toda a congregação. Mantenha suas promessas. Responda com sensibilidade e apropriadamente aos pedidos e necessidades das pessoas.

  • No uso da informação

Guarde os assuntos confidenciais com cuidado. Comunique com sinceridade e discrição quando perguntado sobre indivíduos com padrões de comportamento destrutivos ou pecaminosos. Diga a verdade ou permaneça discretamente silencioso. Lembre-se: “O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre” (Pv 11.13).

  • Na aplicação dos recursos

Seja honesto e prudente em relação aos recursos pessoais e ministeriais. Recuse presentes que possam comprometer seu ministério. Não se venda às pessoas. Assegure-se de que todos os presentes designados sejam usados ​​para o propósito designado. Lembre-se: “Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” (Lc 16.11).

  1. A busca pela pureza

Em sua carta pastoral a Timóteo, o apóstolo Paulo recomendou que o jovem pastor fosse padrão dos fiéis na pureza (1Tm 4.12). Esse é um voto inegociável no ministério pastoral, pois o erro na conduta moral desqualifica o pastor para o exercício do ministério da Palavra (1Tm 3.2). Muitos ministros têm se tornado repreensíveis pelo fato de não se comprometerem com a pureza moral.

  • Na manutenção da pureza sexual

Não tenha o comportamento sexual pecaminoso e o envolvimento inadequado com a membresia da igreja. Procure resistir à tentação. Lembre-se da exortação do apóstolo: “a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos” (Ef 5.3).

  • Na formação espiritual

Busque sinceramente o auxílio do Espírito Santo para orientação e crescimento espiritual. Seja fiel em manter um coração devoto ao Senhor. Seja coerente e intencional na oração e no estudo das Escrituras. A vitalidade espiritual da igreja local está intimamente conectada à vitalidade devocional do seu pastor.

  • Na teologia

Estude a Bíblia regular e cuidadosamente para entender sua mensagem e abraçar o ensinamento bíblico. Em sua teologia, considere o ensino bíblico como autoridade superior às outras fontes do conhecimento e mantenha preferência pela teologia fundamentada nas Escrituras.

  • Na prática ministerial

Identifique um ministro que possa lhe fornecer aconselhamento quando necessário. Desenvolva uma consciência das necessidades e vulnerabilidades pessoais. Evite se aproveitar da vulnerabilidade de outras pessoas por meio de exploração ou manipulação.

  1. A prática da “prestação de contas”

Os pastores do rebanho também estão sob a autoridade do Supremo Pastor. Além do mais, pastores também precisam ser pastoreados e precisam prestar contas a outros a fim de que não se tornem déspotas e nem se desviem de sua vocação original.

  • Nas finanças

Promover práticas contábeis e auditorias regulares pode ser um benefício tanto a vida do ministro quanto ao estabelecimento da paz entre o rebanho. Logo, se assegure de que os recursos da igreja sejam usados ​​para os fins pretendidos e não para projetos pessoais.

  • Nas responsabilidades ministeriais

Garantir clareza nas estruturas de autoridade, procedimentos de tomada de decisões. Descrições de posição e políticas de reclamações, embora burocrático, podem livrar o pastor de inúmeras acusações. Além do mais, ao fazer isso o ministro acaba estabelecendo exemplo de altos níveis organizacionais que serão benéficos ao Corpo de Cristo.

  1. Não fazer acepção de pessoas

Crentes em nosso Senhor Jesus Cristo não devem mostrar favoritismo. Pensando nisso, Tiago escreveu: “Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?” (Tg 2.2-4). O pastor, por ser exemplo para o rebanho, necessita ser extremamente cuidadoso a esse respeito.

  • Em relação aos membros de sua congregação

Procure expressar seu amor e cuidado ao rebanho de maneira que todos sejam honrados. Uma das piores coisas que podem acontecer com o rebanho é o fato de uma ovelha perceber que ela é preteria pelo seu próprio pastor. Quando isso ocorre, a justiça não é exercitada e há competição, ciúme ou sentimento de desigualdade que se tornam fermentos para a ação do inimigo entre o rebanho. Nesses casos, o convívio harmônico acaba sendo substituído pelo clima de desigualdade e animosidade.

  • Em relação à congregação anterior

Muitos pastores acabam levando consigo as boas lembranças dos campos por onde passaram e sempre tomam a igreja anterior como referências para as práticas ministeriais que gostariam de ver estabelecidas em sua igreja local. Todavia, a mensagem que comunicam, ainda que inconscientemente, é que a igreja local/atual não atende as suas expectativas. Os resultados disso são péssimos, pois o rebanho geralmente se sente preterido e inseguro quanto ao amor e preferência verdadeira daquele que eles devem atender como pastor.

Em resumo, há inúmeros aspectos do voto ministerial que deveriam ser renovados. O rebanho de Cristo se revela dependente e carente dos pastores que o Senhor estabeleceu providencialmente sobre ele. Dessa maneira, nós, pastores, deveríamos avaliar nosso procedimento e comprometimento com o objetivo de atingirmos ministérios mais eficientes.

Rev. Valdeci S. Santos – SNAP

 

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