O Preparo Intelectual do Pregador

 In Pastorais

O pregador deve ser uma pessoa preparada em vários sentidos. Como Bryan Chapell corretamente lembra: “Quando encaramos pessoas reais dotadas de uma alma eterna, equilibrando-se entre o céu o inferno, a nobreza da pregação nos amedronta” (Pregação Cristocêntrica, p. 17). Uma das tragédias da igreja contemporânea, segundo D. Martyn Lloyd- Jones, “é a tendência de dar às habilidades o primeiro lugar” (Pregação e Pregadores, p. 80). Todavia, isto não justifica o despreparo do pregador. Ainda que a eficácia da pregação não dependa das habilidades do pregador, mas do poder da Palavra e da atuação do Espírito Santo, o zelo pela preparação nunca deve ser desprezado. Lloyd-Jones afirmava: Posto que pregar significa comunicar a mensagem de Deus, é óbvio que isso requer certo grau de intelectualidade e habilidade”.

A importância do preparo intelectual deve-se a vários fatores. Um deles é a coerência dos argumentos apresentados. Proferir pensamentos ao acaso, sem ordem, em nada ajuda a congregação. O ato de raciocinar lógica e sistematicamente requer treinamento e preparo. Pregar requer o conhecimento da Escritura e de sua mensagem. Charles H. Spurgeon defendia que um homem ignorante das verdades de Deus “jamais será um grande conquistador de almas” (O Conquistador de Almas, p. 50). Precisa haver luz na candeia que há de iluminar a escuridão que envolve os homens e aquele que se apresenta como guia deve ter conhecimento da Verdade que revela o caminho. 

Outra razão para o preparo é a precisão nas afirmações. Lloyd-Jones defendia que “o pregador deveria ser acurado, jamais devendo afirmar alguma coisa que qualquer erudito membro da congregação possa mostrar estar errado ou baseado em informação equivocada” (Pregação e Pregadores, p. 84). 

O preparo intelectual do pregador é exigido pela natureza apologética de sua obra. Como Paulo, no Areópago, ele é chamado a expor, de forma clara e objetiva, a mensagem do Evangelho em meio ao panteão de filosofias que competem pelas almas dos seres humanos. Essa tarefa requer preparação contínua (1Pe 3.15). 

É importante ainda o conhecimento das línguas originais das Escrituras para equipar o pregador a comunicar a mensagem do texto bíblico de forma coerente com o propósito daquele que o inspirou. O estudo da teologia e da história da igreja é também de grande valia, pois o pregador deve captar a essência do ensino bíblico. O pregador cuidadoso também atentará para algumas técnicas de comunicação que podem auxiliá-lo na exposição clara das verdades de Deus. 

Contudo, o que faz de um homem um pregador autêntico é o amor a Deus, o amor às almas, o conhecimento da Palavra de Deus e a presença e atuação do Espírito Santo em sua vida e ministério. O restante são ferramentas para a obra, não um fim em si mesmo. 

Rev. Valdeci da Silva Santos

 

 

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